quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A estética? Destruída pelos idiotas



por Stefano Zecchi* -

(este artigo apareceu no jornal “Il Giornale” de Milão, quarta-feira 17 de outubro 2007)

Não se entende bem se é uma brincadeira ou um cínico jogo. Talvez as duas coisas. Quem esta disposto em afirmar em publico que o nosso patrimônio artístico é irrelevante à economia nacional, ou que nossa realidade natural – montanhas, lagos, mar – não tem peso na indústria turística? Claro, ninguém. Então perguntemo-nos porquê a beleza da paisagem italiana é tão massacrada, porquê nossas obras de arte são tão pouco valorizadas?
Comecemos de aqui. No que baseia-se o respeito? O respeito para um parente, um professor, um amigo, um colega de trabalho baseia-se na educação, ou seja no sistema de regras de relações a não serem transgredidas. O respeito pela natureza, assim como para a arte, baseia-se em uma educação especial: a educação estética. Coisa misteriosa. E não pode ser diferente pois ninguém (ou muito poucos) a ensinam. A primeira conseqüência é uma vertiginosa caída do bom gosto. È possível que não existe canal de televisão ou pagina de jornal sem que nos dedique uma educação alimentar sã, enquanto existe um abissal vazio por tudo que se refere uma sã educação estética? É possível, e então não devemos nos surpreender se o conhecimento da Beleza é somente uma vaga e opinável sensação.

Diz-se: o Belo é subjetivo: o Belo é o que nos gostamos. E de fato, cúmplice a ausência de qualquer educação estética, gostam-se coisas horríveis. A beleza fica um mistério e isso é o tema político-cultural da questão, a beleza foi considerada um detalhe inútil, um dês-valor, pelo menos a partir da segunda após-guerra. A modernidade desenvolveu-se indiferente á beleza, um valor considerado burguês e reacionário da cultura que conta, ou seja, aquela de formação social comunista.
Portanto hoje encontramos lixões que poluem as costas e cidades de qualquer jeito, mas também construções projetadas por famosos arquitetos que são indecentes, como a varanda de Isozaki para o Museu dos Uffizi em Florença, a Ponte de Calatrava em Veneza que parece uma ponte de uma autopista, o pacotão que cobre a Ara Pacis. Lamentavelmente poderia se continuar quase até ao infinito, sem esquecer o entorno de grandes cidades, assinadas por grandes arquitetos.

Para reassumir, existe então uma responsabilidade que depende da ausência de educação estética e de uma responsabilidade da cultura que cientemente negou todo valor á beleza no juízo estético. Tem se que juntar uma responsabilidade política. Sendo muito limitada a consciência estética da consciência publica, encontrando um poder cultural hegemônico indiferente ou hostil ao Belo, os administradores públicos sentem se livres de fazer o que bem querem.
Mas falta ainda um responsavel a mais: o Partido dos Verdes. Os desastres ao ambiente, o descuidado pelo aptrimonio artístico são de direita como de esquerda. Assim como os horrores acima citados, em Florença, em Veneza, em Roma, são todos filhos de administrações de esquerda, cuja co-responsabilidade dos Verdes é explicita. Na Irlanda e na Finlândia o Partido dos Verdes mudou de pele, não é como aqui um inútil apoio ideológico da esquerda.

Também na Itália seria necessário um movimento político ambientalista de centro direita, que trabalhe para proteger da decadência nosso patrimônio natural e artístico, que seja acusador em contra os responsáveis, desmascando toda a falsa retórica que hoje chega da esquerda e faça mudar a rota á política ambientalista do Pais.

* Stefano Zecchi, 62, é professor de Estética na Universidade “Statale” de Milão

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